domingo, 18 de outubro de 2009

Acção de formação de Manutenção do Património Azulejar

Fui convidada pelo CENCAL (Centro de Formação Profissional para a Indústria Cerâmica) das Caldas da Rainha a ministrar dois módulos na área da Conservação e Restauro do curso de “MANUTENÇÃO DO PATRIMÓNIO AZULEJAR”.
Realizado durante o mês de Agosto e Setembro no CENCAL, organizado pela Associação Espírito Santo Cultura (Fundação luso-brasileira com sede no Rio de Janeiro)e com vista a preparar e formar um conjunto de oito formandos brasileiros a trabalhar na recuperação e tratamento daquele património existente no Brasil.

Entre as matérias ministradas encontraram-se a noções da História da Azulejaria Tradicional Portuguesa, do Processo Cerâmico, de Restauro de Azulejo, bem como preparação no domínio das intervenções nos materiais de suporte e respectivos processos.
A mim competiram-me dois módulos: o 4. Noções de Restauro de Azulejo e o 5. Diagnóstico, remoção e tratamento de paredes suporte.

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TRANSCRITO DO SITE DA FIESP:

Brasileiros e portugueses se unem na preservação do patrimônio histórico

Paulo Skaf e Maria João Burstoff
assinam protocolo de intenções
Empresários brasileiros e portugueses assinaram ontem (7), na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), protocolo de intenções de acordo para formação de profissionais no setor da construção.

O documento é resultado de uma parceria entre o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e a Associação Espírito Santo Cultura e prevê o preparo de professores para capacitação de mão-de-obra nas áreas de preservação, conservação e restauro do patrimônio histórico-cultural brasileiro e português.

A ex-ministra da Cultura de Portugal e presidente da Associação Espírito Santo Cultura, Maria João Burstoff, e o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, firmaram o acordo durante a abertura do Encontro Empresarial Brasil-Portugal, promovido pelo Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Derex).


Criada em 1998, a Espírito Santo Cultura é uma instituição brasileira que além de capacitar trabalhadores, desenvolve e coordena projetos de museologia, museografia, restauro e recuperação de obras artísticas (azulejos, talhas, pintura e douramento). “Esse trabalho tem sido uma grande aposta no aprimoramento de mão-de-obra brasileira e portuguesa, qualificando técnicos na preservação, tanto do patrimônio português aqui no Brasil, quanto o próprio patrimônio brasileiro”, completou Bustorff.

Na ocasião, foram ressaltados: o comércio bi-regional — Mercosul e União Européia — e oportunidades de negócios entre os dois países. “Apesar de todo o histórico de relação entre Brasil e Portugal, a troca comercial ainda é muito modesta. Podemos aumentar o entrosamento utilizando encontros como este para aumentar a reciprocidade de investimentos, e a interação entre os nossos empresários”, disse Skaf.



Na programação do encontro, foram destaques as palestras Panorama Atual; Mercosul – União Européia: Uma nova oportunidade; Oportunidades de negócio em Portugal, na União Européia e parcerias luso-brasileiras em terceiros mercados; Apoio do mercado financeiro aos investimentos dos dois países, e Cases de Sucesso.

Participaram da mesa o cônsul-geral de Portugal em São Paulo, embaixador José Guilherme Ataíde, o presidente da Confederação da Indústria Portuguesa, Francisco Van Zeller, o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, de Lisboa, Antônio Espírito Santo Bustorff, e o presidente da Câmara de Comércio no Brasil, Antonio Pargana.
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No decurso desta acção de formação de "Manutenção do Património Azulejar" estavam previstas um conjunto de visitas de estudo a vários pontos do país, e neste contexto realizei diversas visitas com os formandos, ao Mosteiro de Santa-a-Clara-a-Velha de Coimbra, às ruínas romanas de Conímbriga, a Aveiro onde visitamos o laboratório de Conservação e Restauro do Museu de Aveiro, as fachadas Arte Nova da mesma cidade, passando por Ovar onde foi a vez de visitarmos o Atelier de Conservação e Restauro do Azulejo e terminando por uma breve passagem pela Quinta do Pinheiro- Hotel Rural em Valado dos Frades.

MOSTEIRO DE SANTA CLARA-A-VELHA DE COIMBRA
Não poderiamos deixar incluir nas visitas Santa-Clara-a-Velha, o Mosteiro que após 12 anos de trabalhos de reabilitação dificultados pela constante inundação da parte mais baixa do edifício, finalmente "teve alta" de uma complexa "operação cirúrgica" de restauro, que obrigou os técnicos e projectarem "soluções criativas".
Os técnicos conseguiram manter o edifício seco, com a construção de uma "cortina de contenção periférica", acompanhada por um sistema de drenagem e bombagem capaz de escoar a água que pode afluir à zona das escavações, o que permitiu a "requalificação da ruína".
Nas imediações, nasceu um centro interpretativo, em interligação com a ruína cristalina do Mosteiro (deixado em estado puro). É nesse edifício moderno que começa a viagem ao passado, com a exibição de documentários e de algumas peças recuperadas. Saindo deste edifício faz-se a passagem sobre um espelho de água para um percurso que mantem viva a história de sucessivas inundações que o mantiveram submerso tendo o nível das águas subido até mais de metade da altura do piso térreo.

Contactos:
Mosteiro de Santa Clara-a-Velha Telefone: 239 801 160
E-mail: mosteiro.scvelha@drcc.pt; culturacentro@drcc.pt.


QUINTA DO PINHEIRO - HOTEL RURAL EM VALADO DOS FRADES
Hotel Rural, um espaço onde a modernidade e a tradição se fundem harmoniosamente. Numa envolvente de natureza, com amplo espaço verde insere-se um casario rural e uma capela, outrora em ruínas, típico das quintas da Estremadura e Oeste, restaurado e adaptado ao qual alia na perfeição a arte do Mestre Ferreira da Silva.

Contactos:
Valado dos Frades 2450-337 Nazaré
Telefone: 262 590 530; Fax: 262 590 539
E-mail: info@quintapinheiro-nazare.com
Página na Web: http://www.quintapinheiro-nazare.com


ATELIER DE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DO AZULEJO
Este atelier é um espaço essencial para a preservação da arte azulejar numa cidade em cujo centro histórico abundam os edifícios revestidos a painéis com motivos florais e geométricos. Tem como objectivo primordial conservar e recuperar azulejos, através do fabrico de réplicas e de acções de formação para o público em geral.
Agradeço à Conservadora-restauradora Isabel Ferreira a simpatia e acolhimento dado ao grupo de formandos bem como toda a explicação sobre os trabalhos de recuperação e de realização de réplicas do património azulejar.

Contactos:
Rua Heliodoro Salgado - 3880 OVAR
Telefone: 256 586 478
E-mail: divicultovar@cm-ovar.pt
Responsável: Câmara Municipal de Ovar
Dia(s) de Encerramento: Sábados, Domingos
Horário de visita: De Segunda a Sexta das 09:30 às 13:30 e das 14:00 às 18:00
Nº máximo pessoas por grupo: 25
Serviços disponíveis: Banco de Azulejos, Acompanhamento Técnico, Conservação e Restauro, Produção de réplicas, Ateliers para escolas e Acções de Formação.


MUSEU DE AVEIRO
Após um extenso programa de obras de ampliação e requalificação, apoiado financeiramente por verbas do Programa Operacional da Cultura, sob projecto do Arquitecto Alcino Soutinho, realizou-se uma visita ao Museu de Aveiro, com o intuíto de dar a conhecer aos formandos a criação de novos espaços para a colecção e para os serviços do museu, mais especificamente os laboratórios de Conservação e Restauro. Agradeço a visita com uma excelente explicação sobre conservação do património à Técnica Sandra Drummond, conservadora-restauradora do Museu de Aveiro, onde de facto demonstrou que o conjunto de regras de ética e deontologia que regem a profissão estão sempre presentes em cada intervenção que realiza.

Contactos:
Morada: Avenida de Santa Joana Princesa 3810-329 Aveiro
Telefone: 234 423 297; Fax: 234 421 749
E-Mail: maveiro@imc-ip.pt
Horário: 3.ª feira a Domingo: 10.00h-17.30h (Encerrado ao público à 2ª Feira)
Entrada gratuita aos Domingos e feriados até às 14h00






E falando de Aveiro...
A Arte Nova e os Aveirenses que consiste na reprodução de materiais relacionados com a Arte Nova é uma iniciativa do MUSEU DA CIDADE de Aveiro que pretende reunir diferentes objectos para integrar a primeira exposição temporária do Museu Arte Nova. De salientar que os objectos serão devolvidos às entidades e/ou pessoas que os emprestem visto que a exposição será composta por reproduções de plantas e documentação.

O Museu da Cidade de Aveiro convida todos os aveirenses a participarem activamente na preparação da primeira exposição temporária do Museu Arte Nova a inaugurar com o Museu.

Assim, o Museu da Cidade de Aveiro aceita livros, fotografias, plantas ou jornais antigos sobre Arte Nova, para serem reproduzidos de forma enriquecer a informação disponível no centro documental. Por outro lado, se houver objectos originais de Arte Nova (mobiliário, porcelanas, vidros, candeeiros, joalharia, etc) que possam ser partilhados através de empréstimo, o Museu também recolhe este material.

De salientar que a abertura permanente ao público do Museu Arte Nova, pólo temático especializado do Museu da Cidade de Aveiro, aproxima-se. Até ao momento a participação da comunidade no processo tem sido um dos objectivos do Museu e as várias solicitações para efectuar visitas guiadas ao património Arte Nova edificado e ao edifício que se prepara para albergar o Museu têm sido recorrentes, expressando bem o interesse e o carinho da cidade pela temática.

Os interessados em participar na acção A Arte Nova e os Aveirenses devem contactar o Museu da Cidade de Aveiro:


Morada: Rua João Mendonça, n.º 9-11, 3800-200 Aveiro
Telefone: 234 406 485; Fax: 234 406 307
ou ainda endereço electrónico museucidade@cm-aveiro.pt.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE TALHA E ESCULTURA – PRESERVAR O PASSADO, GARANTIR O FUTURO


A Universidade Portucalense Infante D. Henrique, através da sua Licenciatura em Conservação e Restauro do Património, irá realizar nos próximos dias de 26 e 27 do mês de Novembro de 2009, um Simpósio subordinado ao tema CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE TALHA E ESCULTURA – PRESERVAR O PASSADO, GARANTIR O FUTURO.

Antevendo o possível interesse que esta iniciativa possa ter, estas e outras informações podem ser consultadas no site www.upt.pt (em destaques), ou através do Centro de Conservação e Restauro da UPT – 225572706, bem como pelos emails: ccr@upt.pt ou mfms@upt.pt
.CLIQUE NA IMAGEM PARA A AMPLIAR
As inscrições podem ser realizadas on-line no site da UPT (www.upt.pt - ver destaques) ou por correio através do envio da ficha de inscrição para:

Centro de Conservação e Restauro da Universidade Portucalense
A/C Profa. Doutora Fátima Matos Silva

Rua Dr. António Bernardino de Almeida, n.º 541/619 | 4200-072 PORTO
Mais informações em: http://www.uportu.pt/site-scripts/ver_destaque.asp?ID=551

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Prato "motivos marinhos"

Prato "motivos marinhos" pormenores antes da intervenção de conservação e restauro.

. Prato decorativo, de suspensão, de forma circular, sem aba. Decoração relevada naturalista com motivos marinhos: onze percebes, duas amêijoas, duas navalheiras, um mexilhão, um ouriço e uma lagosta, sobre algas e pequenos tufos de musgado, aplicados sobre fundo azul. O reverso apresenta escorridos a azul e orifícios para suspensão.
Peça modelada e moldada em faiança das Caldas da Raínha, policroma a azul, verde, castanho, vermelho e vidrada.
. Marca: gravada na pasta, inscrita numa elipse “Fábrica de Louças de A. B. Carvalho & C.ª – CALDAS DA RAÍNHA” (Augusto Baptista de Carvalho, sucessor de Manuel Mafra).
. Datação: Segunda metade do século XIX (cerca de 1890)
. Dimensões: 57 x 8 cm.
. Estado de Conservação: A peça apresentava um total de 30 faltas e 6 pequenas falhas de matéria e de vidrado:
- 6 faltas e 2 falhas ao longo do bordo;
- 1 falta na base (junto aos orifícios de suspensão);
e nos elementos decorativos salientes - que volumetricamente corresponde a:
- 5 faltas de unhas dos percebes e 1 falha;
- 2 falhas nos bordos das ameijôas;
- 2 pernas direitas (metades) e 1 esquerda (total) da navalheira que se encontra mais junto ao bordo, sobre as algas;
- 4 pernas direitas (3 metades e 1 total) e 3 esquerdas (metades) da navalheira que se encontra ao centro do prato;
- 2 pernas esquerdas (metades) e 4 direitas (3 metades e 1 total), 1 olho direito e 1 falha num elemento da zona inferior da lagosta;.
O vidrado e as zonas de fractura encontram-se com sujidades (poeiras.

. Prato "motivos marinhos" durante as intervenções de conservação e restauro.

. Prato "motivos marinhos" antes e depois da intervenção de conservação e restauro.