domingo, 22 de março de 2009

Terrina "Sacavém"


. Terrina "Sacavém" antes da intervenção de Conservação e Restauro.

. Terrina oitavada com asas, em faiança vidrada. Decorada a azul escuro e filetes a ouro, com o motivo Beira rico estampado.
. Não apresenta qualquer marca.
. Apesar de estarmos perante uma peça sem marca, podemos apontar uma datação aproximada: 2ª metade do século XIX. (Justificação: através de comparação com peças idênticas a esta, marcadas da Fábrica de Louças de Sacavém e com o mesmo motivo estampado.)
. Dimensões: 35 x 18,5 x 7 cm.
. Estado de conservação: A Terrina "Sacavém" encontrava-se em aproximadamente 16 fragmentos e não apresentava qualquer intervenção anterior.
*Nota: O proprietário pretendia que se mantivesse a "patine" antiga, daí o processo de limpeza ter sido mínimo, limitando-se à remoção de gordura da cerâmica, sobretudo nas zonas de fracturas, o indispensável a uma boa adesão dos fragmentos na sua colagem.. Terrina "Sacavém" durante as intervenções de colagens, preenchimentos e reintegrações cromáticas.

. Terrina "Sacavém" após a intervenção de Conservação e Restauro.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Património azulejar de Almada Negreiros em risco


Tal como em casos anteriores, mais uma vez o ‘SOS Azulejo’ recebeu a denúncia da destruição de painéis de azulejos de Almada Negreiros no Restelo e remeteu-a para os serviços camarários competentes, funcionando como uma plataforma giratória de informação e como um catalizador das acções necessárias. Cito aqui a respectiva notícia no DN de 21.02.09:

" Património. Uma vivenda construída nos anos 50, exemplar da arquitectura do final do movimento modernista, tem um processo de demolição integral e de construção nova em análise na Câmara de Lisboa. Ontem, alguns azulejos de Almada Negreiros foram retirados do imóvel e a autarquia embargou, para já, a remoção de quaisquer objectos da Moradia com processo pendente na CML.
Um painel de azulejos da autoria de Almada Negreiros foi ontem parcialmente removido da parede de uma casa no Restelo, em Lisboa. Mas entretanto, o vereador Manuel Salgado, disse ao DN ter dado instruções para o embargo da obra, "até tudo ser esclarecido". A moradia, localizada na Rua da Alcolena, 28, foi construída no início dos anos 50 e depois de ter sido vendida pelos herdeiros da original proprietária - Maria da Piedade Mota Gomes - tem actualmente um processo de licenciamento de obra de construção nova em apreciação nos serviços de urbanismo da Câmara de Lisboa, cujo requerente, é a Soindol, Sociedade de Investimentos Dominiais, Lda. Ontem, perto da hora de almoço, vários operários retiraram alguns azulejos que revestem uma das varandas da casa, com recurso a rebarbadoras. José de Almada Negreiros (filho), acompanhado das suas filhas, netas do artista plástico e autor do Manifesto Anti-Dantas, estavam incrédulos e indignados perante o que viam. "A Polícia Municipal esteve aqui, mas mal saiu, os homens voltaram ao mesmo e nada os parou", disse a familiar do artista. Ao fim da tarde, Helena Roseta, vereadora do movimento Cidadãos por Lisboa (CPL), deslocou-se ao Restelo para acompanhar de perto a situação e disse ter informado o gabinete da presidência da CML sobre o que se estava a passar. Pouco depois, chegaram elementos da Polícia Municipal que procederam a averiguações e lavraram um auto de notícia. "O que se está a passar aqui é um atentado ao património, uma barbaridade", disse a vereadora, também arquitecta. "Curiosamente," - e Roseta chamou a atenção para o facto - "este atentado ao património acontece um dia depois de termos pedido o agendamento para discussão em reunião de câmara de uma proposta nossa que defende a abertura de um processo de classificação da moradia como imóvel de interesse municipal". No documento, as vereadoras do CPL defendem ainda a aquisição da casa (numa parceria público-privada), bem como a criação no local de um projecto-piloto de "casa-museu-atelier de artes plásticas". De acordo com Manuel Salgado, a moradia consta do "inventário municipal do património", um anexo ao PDM, facto que para Helena Roseta "implica que nada se possa fazer na casa sem que a câmara se pronuncie". O projecto pendente nos serviços de urbanismo pede a demolição total do imóvel. Porém, segundo o DN apurou, o promotor e actual proprietário, comprou-a "sem os azulejos incluídos", cumprindo uma exigência do anterior dono. Apesar da tentativa, não obtivemos declarações do promotor até à hora de fecho desta edição»


Uma primeira tentativa de extracção dos painéis deu-se nos anos 60, por iniciativa de um estrangeiro que comprou o imóvel. "A Câmara interveio e impediu-o", recorda José de Almada Negreiros.
Qualquer pessoa pode denunciar às autoridades policiais as demolições ou remodelações que estejam a decorrer em edifícios com azulejos antigos. “O programa da Polícia Judiciária "SOS Azulejo" funciona como uma plataforma giratória em que se procura encaminhar as denúncias para as diversas entidades”, explica Leonor Sá, directora do Museu e Arquivo Histórico da Polícia Judiciária.
Basta, portanto ligar para o número 21 984 42 00. Sempre que este tipo de património estiver em risco, a Judiciária lança, em conjugação com as autarquias, esforços para impedir a demolição dos imóveis e a destruição dos azulejos antigos.

A Ordem dos Arquitectos defendeu hoje a classificação de imóvel de interesse municipal para uma casa com painéis de Almada Negreiros, em Lisboa, e lançou uma petição na Internet em defesa da sua preservação.
A Ordem solicita a intervenção da Câmara Municipal de Lisboa, «considerando o valor arquitectural, patrimonial e artístico da casa», projectada pelo arquitecto António Varela e que integra vários conjuntos de azulejos da autoria de Almada Negreiros.
Para a Ordem, trata-se de «um exemplo acabado da arquitectura moderna portuguesa», pelo que pediu informações à autarquia sobre o processo, manifestando preocupação com os acontecimentos de 19 de Fevereiro, que «puseram em perigo a integridade do imóvel».
Após a destruição parcial dos painéis da fachada da referida moradia, em obras de demolição não autorizadas pela autarquia, que levou a Polícia Municipal ao local e ordenou a suspensão dos trabalhos, a Ordem classifica o imóvel como «um exemplo único e nacional da arquitectura modernista», exigindo a abertura do processo de classificação como bem cultural de interesse municipal.
«A mesma obra foi já referenciada, catalogada, inventariada e estudada em diversas investigações de carácter nacional e internacional sobre a produção moderna», sustenta a Ordem dos Arquitectos num comunicado, em que anuncia o lançamento de uma petição on-line.
Com o intuito de tornar público «o envolvimento da sociedade no que se considera ser um atentado à memória, património e arquitecturas portuguesas», a Ordem pôs o documento disponível em www.petitiononline.com/alcolena/petition.html.
Quarta-feira, o vereador José Sá Fernandes pediu ao Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) a classificação apenas dos painéis de azulejos de Almada Negreiros.
O IGESPAR propôs, por seu lado, a classificação municipal da moradia, de acordo com um parecer a que a agência Lusa teve acesso.

Já assinou?
www.petitiononline.com/alcolena/petition.html.
Pela classificação do painel de azulejos de José Sobral de Almada Negreiros e pela moradia dos anos 50 que os sustenta num enorme significado cultural!

quinta-feira, 5 de março de 2009

Jarra "Cobras e Lagartos"

. Jarra "Cobras e Lagartos" antes e depois da intervenção de Conservação e Restauro.

. Jarra em faiança, moldada e modelada, policroma e vidrada com escorridos. Constituída por um corpo bojudo e um gargalo estreito e alto, decorada com animais aplicados em relevo como lagartos, lagartixas, cobras (duas cobras enroladas que formam as asas da jarra), rãs, larvas, borboletas, flores e folhas sobre fundo de efeito escorrido, com vidrado de cores em que predominam o verde de cobre, a cor de mel de ferro e os tons de castanho de manganés.
. Não apresenta qualquer marca.
. Tratando-se de uma peça sem marca, podemos apontar uma datação aproximada: 2ª metade do século XIX (c. 1870 a 1900).
Justificação: através de comparação com peças decorativas idênticas a esta inspiradas no estilo “palissista”(do estilo naturalista da obra de Bernard Palissy (1510-1590), ceramista francês do século XVI, em Portugal foi em Caldas da Rainha que melhor se explorou esta fonte de inspiração), uma de maiores dimensões e com marca gravada de Manuel Cipriano Gomes “O Mafra”, ou outra “jarra das cobras” do mesmo período, atribuída à Fábrica de José Alves Cunha – Caldas da Raínha)
. Dimensões: 27,5 x 20,5 x 14 (diâm. boca)x 12 cm. (diâm. base)
. Estado de Conservação: A peça apresentava diversas falhas de matéria e de vidrado ao longo do bordo, base e nos elementos decorativos salientes. Verificavam-se ainda faltas volumétricas totais da cabeça do lagarto, lagartixa e argola inferior de uma das cobras (correspondente à zona da asa).

. Pormenor do corpo da cobra que constitui a asa durante a reconstituição volumétrica, reintegração cromática e aspecto final.
. Pormenor dos elementos decorativos, cabeças do lagarto e da lagartixa durante a reconstituição volumétrica, reintegração cromática e seu aspecto final.
. Pormenor final dos preenchimentos das falhas pré-existentes ao longo do bordo da Jarra "Cobras e Lagartos"

terça-feira, 3 de março de 2009

Par de Jarras com folhas e flores

. Antes e depois da intervenção de Conservação e Restauro.

. Par de jarras em faiança policroma e vidrada. De corpo bojudo com gargalo cilíndrico, policromadas a castanho. Apresentam decoração em alto relevo de troncos e folhas redondas policromadas a verde e flores policromadas a branco (pelo gênero muito provavelmente tratam-se de flores lôtus, plantas aquáticas tantas vezes representadas, mostrando a contribuição da arte oriental na cerâmica).
. Apresentam uma marca gravada no reverso da base: - MADE PORTUGAL (inseridas num rectangulo e seguida de uma numeração)
(Muito possivelmente tratar-se-ão de peças das Caldas, arrisco em atribuir a estas peças decorativas a autoria de Rafael Bordalo Pinheiro pela tanto pela tipologia, como pela tonalidade do vidrado, mas sobretudo pela decoração pois esta temática, a representação exacta destas flores em relevo surge noutras peças inclusivé num prato vidrado a branco, que parece ser um estudo, pertencente à Colecção da Fábrica Rafael Borbalo Pinheiro)
. Estado de Conservação/Intervenções anteriores: Uma das jarras encontrava-se com uma colagem anterior e diversas falhas de matéria sobretudo nas folhas e flores. Outra apresentava faltas na base e na extremidade superior. Também tínhamos três fragmentos soltos (pertentes a um ramo).

. Pormenores do estado de conservação das Jarras antes da intervenção de Conservação e Restauro.

. Pormenores das Jarras durante e após a intervenção de Conservação e Restauro.