quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A propósito da REPORTAGEM sobre o PROJECTO SOS Azulejo no passado dia 21.01.09 no Noticiário da noite na SIC


À semelhança de canais televisivos e de agências noticiosas estrangeiros que se interessaram pelo projecto SOS Azulejo desde o seu início, a SIC realizou uma reportagem sobre o projecto e a problemática da Salvaguarda do Património Azulejar português, que passou no noticiário da noite de 21.01.09. Muito embora o conteúdo ou perspectivas desta reportagem não sejam do conhecimento nem da responsabilidade do Projecto SOS Azulejo, não pude deixar de noticiar esta louvável iniciativa, pois poderá contribuir para a causa da conservação dos azulejos históricos e artísticos portugueses.

Aproveito para divulgar aqui este Projecto “SOS Azulejo” que é de iniciativa e coordenação do Museu de Polícia Judiciária (MPJ), órgão do Instituto Superior de Polícia Judiciária e Ciências Criminais (ISPJCC), e que nasceu da necessidade imperiosa de combater a grave delapidação do património azulejar português que se verifica actualmente, de modo crescente e alarmante, sobretudo por furto, mas também por vandalismo e incúria.
De facto, o património histórico e artístico português não se perde apenas por motivos criminais, mas também por ausência de cuidados de conservação: relações de causalidade tornam a prevenção criminal e a conservação preventiva deste património indissociáveis.
Desta abordagem global e multidisciplinar nasceu a necessidade de obtenção de parcerias de diversas entidades, das quais gostava de destacar o Instituto Politécnico de Tomar (IPT)e convidar todos os interessados a visitarem o site onde podem conhecer todos os conteúdos relativos ao Projecto, incluindo actualização de imagens de azulejos furtados procurados pela polícia(para dificultar a sua circulação nos circuitos comerciais e facilitar a sua identificação e recuperação)e do qual podem obter conselhos de prevenção criminal e de conservação dos vossos painéis azulejares.
Aqui fica a sugestão:
http://www.sosazulejo.com

"PSP recupera Azulejos furtados – No dia 27 de Março de 2008, pelas 23H00, o Comando Distrital de Leiria, através da Esquadra de Investigação Criminal das Caldas da Rainha, e no âmbito de uma apurada investigação direccionada aos crimes de furto, nomeadamente de azulejos (de traça antiga) que se encontram assentes nas fachadas das habitações e praticados naquela cidade e nas localidades dos arredores (Foz do Arelho e São Martinho do Porto), procedeu à identificação, de 02 (dois) indivíduos, do sexo masculino, de 31 e 23 anos de idade, em virtude destes se encontrarem na posse (no interior de uma viatura ligeira de mercadorias), de diversos azulejos de grande valor patrimonial e artístico, provavelmente furtados das fachadas de vários edifícios. No âmbito das diligências e investigações levadas a cabo pelos investigadores da PSP de Caldas da Rainha apurou-se e reuniram-se as provas necessárias levando a que fossem recuperados 138 (cento e trinta e oito) azulejos.
Os autos foram remetidos à Polícia Judiciária de Leiria, com conhecimento ao Ministério Público de Caldas da Rainha para a competente promoção processual penal".


Esta acção encontrou-se relacionada com o Projecto SOS Azulejo!

Eu própria ao ter conhecimento de notícias com esta, decidi salvar um painel azulejar que se encontrava numa casa rústica situada na zona Oeste, zona onde andavam a cometer estes roubos, em primeiro lugar por ser propriedade da minha família, mas também enquanto Conservadora Restauradora de profissão. Pois atenção quero deixar bem claro que este tipo de procedimentos devem ser solicitados a profissionais credenciados na área da Conservação! Pois vejamos o que sucedeu: Sabendo que a casa é anterior a pelo menos 1917, caiada de branco com janelas e portas ladeadas com pedras cor de tijolo com uma imponente torre, é de referir que o painel de azulejos azuis e brancos representando o Santo António que se encontra sobre a porta principal fora aplicado posteriormente, por volta dos anos 60 o que significa que se tratam de azulejos relativamente recentes, logo de menor qualidade e também valor.Vista da fachada da Quinta de Santo António antes de 2006.

Encontrando-se infelizmente a casa em elevado estado de abandono(físico, não espiritual pois como todos os edifícios do NOSSO Património têm donos!!) alguém pouco conhecedor havia investido numa tentativa de furto por volta de 2006 o que levara à destruíção da parte inferior do referido painel (lá está a relação de causalidade da falta de conservação indissociável aos actos de vandalismo)
e claro, desconhecendo o valor artístico ou histórico e pensando no comercial, num edifício antigo e que chama à atenção parecia um roubo perfeito, contudo tratavam-se de azulejos aplicados muito posteriormente à construção do edifício eram azulejos de pasta fina, concebidos industrialmente, aplicados com cimento, numa parede de pedra altamente resistente e para ajudar os larápios a uma altura dificilmente acessível sem o auxílio de andaimes (difíceis de remover sem danificar).
Vista da fachada da Quinta de Santo António após a investida falhada de 2006.

Enfim, após verificar a falta da parte inferior do painel e de modo a precaver futuras investidas (não fossem eles pretender voltar para roubar os restantes azulejos e assim formarem o conjunto) decidi removêlo, ao pensar: "eu já não o tenho completo mas eles também não" e ainda mais enquanto Conservadora Restauradora, com as devidas precauções acabei por montar andaimes, calçar as luvas, aplicar um "facing" e remover cuidadosamente o que restava do Santo António, removi os restos de cimento, armazenei-o devidamente num caixote, efectuei o acompanhamento fotográfico ... e aguarda agora que eu reconstítua a parte que falta do painel. Durante os trabalhos de remoção do restante painel.
Comercialmente não valem mas quem sabe um dia o Santo António não volta à Quinta que tem o seu nome!!

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Par de placas decorativas de suspensão - "Peixe gordo" e "Peixe magro”


.Placa decorativa de suspensão representando um "peixe gordo" antes e depois da intervenção de Conservação e Restauro.

. Par de placas decorativas de suspensão, uma representando um "peixe gordo" e outra um "peixe magro”. Em faiança policroma e vidrada. Placas decorativas de suspensão oval recortadas em volutas, de fundo vermelho escuro, contendo decoração central de um peixe deitado de lado, com escamas e barbatanas, aplicado em alto relevo e vidrado a amarelo, verde e apontamentos a vermelho escuro.
. Apresentam uma marca gravada no reverso da base: "Made in Germany" (envolta de um circulo oval) acima de um número também gravado na pasta, possivelmente referente a uma identificação operária como um número de série.
. Datação: Moderna.
. Estado de Conservação/ Intervenções anteriores: A placa que contem o peixe "gordo" encontrava-se em três fragmentos na zona frontal do suporte e com falhas e lacunas pontuais. A placa que contem o peixe "magro" encontrava-se com uma lacuna volumétrica na zona do rabo e apresentava-se com uma colagem anterior na zona posterior do suporte.
. Placa decorativa de suspensão representando um "peixe magro" durante as intervenções de preenchimento e reintegração cromática.

. Placa decorativa de suspensão representando um "peixe magro" antes e depois da intervenção de Conservação e Restauro.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Centro de mesa – “Renascença”


. Antes e depois da intervenção de Conservação e Restauro.

. Centro de mesa de forma esférica; com bojo esferóide achatado ladeada com duas asas formadas por dragões. Decoração profusa, relevada com motivos de inspiração renascentista; conchas, volutas, fitas, motivos florais e geométricos. No centro, apresenta dois medalhões centrais ladeados por torsos de figuras mitológicas e encimados por dois “”putti”.
Peça moldada; faiança policroma e vidrada com escorridos.
. Não apresenta qualquer marca. Apenas um número “21” relevado, carimbado na pasta referente a uma identificação operária.
. Datação: Tratando-se de uma peça sem marca, apenas com o número existente na base não nos permitiria chegar à proveniência e/ou datação da mesma, no entanto através de comparação com peças artísticas idênticas (tipo de molde, pasta utilizada e aplicação de vidrado) podemos nitidamente afirmar estarmos perante uma cerâmica da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha da 1ª metade do séc. XX (c. 1900).
. Dimensões: 26,5 x 46,5 x 33 cm.
. Estado de Conservação: A peça apresentava diversas faltas e falhas de matéria e de vidrado ao longo do bordo, base e nos elementos decorativos salientes (cerca de dezoito). Falta volumétrica total de uma cabeça de dragão e fractura da outra.

. Pormenor da falta volumétrica total de uma cabeça de dragão. . Pormenor da cabeça de dragão fracturada.. Reprodução da cabeça do dragão com recurso a um molde feito a partir da outra cabeça e preenchido com gesso dentário.. Durante a reintegração cromática da zona reconstruída. . Após a aplicação de um filme de protecção final.