sábado, 23 de junho de 2012

Exposição “Um Gosto português. O uso do Azulejo no século XVII”.

O Museu Nacional do Azulejo, dando continuidade à sua política de investigação e divulgação da Azulejaria portuguesa, vai inaugurar, no próximo dia 3 de Julho, uma exposição intitulada “Um Gosto português. O uso do Azulejo no século XVII”.
Tendo o Azulejo começado a ser produzido, em Lisboa, cerca de 1560, foi no século XVII, ainda num contexto de União Ibérica, que se começou a afirmar como uma arte que hoje se considera identitária da cultura portuguesa, assumindo especial relevância no contexto universal da criação artística.
Foi com os módulos de repetição do século XVII que o Azulejo foi pensado em Portugal como elemento estruturante de arquitecturas, em grandes revestimentos interiores.
Em simultâneo, a Igreja e a Nobreza encomendaram, para o revestimento dos seus espaços, azulejos figurativos que reflectem o gosto, mas também a necessidade de afirmação política e social de cada um destes grupos.
Desta riquíssima variedade, criação das olarias de Lisboa, dão conta os cinco núcleos em que se divide a exposição bem como o catálogo, com chancela da Babel, que conta com estudos inéditos de cerca de vinte especialistas e se afirma como um contributo efectivo para o avanço do conhecimento.


Alguns dos painéis azulejares restaurados por mim, a título particular, irão estar patentes nesta exposição. No Museu Nacional do Azulejo, a partir do próximo dia 3 de Julho.  Para mais informações: http://mnazulejo.imc-ip.pt/

Museu Nacional do Azulejo
Rua da Madre de Deus, nº 4 | 1900-312 Lisboa
Telf: (+351) 218 100 340  | Fax: (+351) 218 100 369 
e-mail: mnazulejo@imc-ip.pt

domingo, 3 de junho de 2012

Jarra “Descobrimentos”

Jarra “Descobrimentos” – Faiança portuguesa. Jarra bojuda de colo mais estreito que a base. Motivo central composto pela Cruz de Cristo enquadrando uma caravela (Nau Portuguesa com cruz de Cristo em cada uma da suas três velas), símbolos representativos da epopeia marítima portuguesa, envoltos por friso encordoado com “nós” em corda que se prolonga a longo do bojo. Colo e base da peça decorados por uma faixa horizontal contendo repetição em cadeia motivos de padrão geométrico de estilo arquitectónico manuelino em orlas de triângulo e “três contas”. Pintada em tons de azul-cobalto sobre fundo branco revestida a vidrado de estanho ou de estanho e chumbo.
*Nota: Gramática decorativa nacional bastante interessante associada a símbolos de imediata ligação com as navegações de quinhentos, a temática manuelina, à expansão e aos descobrimentos muito reproduzida desde o terceiro quartel do século XVII (onde da passa da hibridez sino-lusitana para uma nova corrente de autonomia nacional). Curiosamente também é neste ciclo que a faixa chamada das “três contas” aparece, dominará e prologar-se-á no século XVIII.

Dimensões: 34 cm. Altura e aproximadamente 20 cm. de largura.
Estado de Conservação: Falta volumétrica (uma lacuna de maiores dimensões) na zona da base, e várias falhas de matéria (doze lascas) na mesma zona das extremidades da base. Vinte falhas de reduzidas dimensões no bordo (que serão apenas protegidas).


Durante os tratamentos de Conservação e Restauro.

Peça marcada: CAMPOLIDE, ASSINADA (RISCADA  E PINTADA) A AZUL PELO PINTOR CERAMISTA JOSÉ RODRIGUES, MARCA QUE INICIOU EM 1916. *
  * MARCA Nº 133 DO DICIONÁRIO DE MARCAS DE FAIANÇA E PORCELANAS PORTUGUESAS (pág. 48).
Faiança da Fábrica de produtos cerâmicos de Campolide sita à altura (1901) na rua Soares do Reis em Lisboa, peça de fabrico correspondente às duas primeiras décadas do século XX, visto a escassez da sua produção balizar-se essencialmente no referido período, pelo curto período da sua exploração.
  * Nota: Segundo o livro "Cerâmica Portuguesa e outros estudos, de José Queiróz" São raras as peças marcadas e em 1917, já apresenta como marca um coração atravessado por uma seta.