quinta-feira, 23 de abril de 2009

Prato decorativo "Lagosta"

. Prato decorativo "Lagosta" antes e depois da Intervenção de Conservação e Restauro.

. Prato decorativo, de suspensão, redondo de fundo castanho-mel, apresentando ao centro decoração relevada naturalista de uma “lagosta" vermelha.
Peça moldada; faiança das caldas policroma e vidrada.
. Apresenta marca relevada no reverso da base:
PORTUGAL/FFCR sigla envolta numa serpente/CALDAS DA RAINHA, um número “25” relevado, carimbado na pasta referente a uma identificação operária e também se encontra datada de 1897.
. Datação: Prato da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha da 2ª metade do séc. XIX ( datada de 1897), ainda com a direcção artística de Rafael Bordalo Pinheiro.
. Dimensões: Aprox. 45 cm. de diâmetro.
. Estado de Conservação/Intervenções anteriores: A peça apresentava nove faltas e falhas de matéria e de vidrado de elementos decorativos salientes, o que volumetricamente corresponde a quatro pernas esquerdas e uma direita, bem como ambos os bigodes, um elemento da zona inferior da lagosta e no rabo. Também apresenta um fragmento solto correspondente à zona inferior da lagosta.
Apresentava sujidade geral e vestígios de restauros anteriores (nas zonas fragmentadas).

. Prato decorativo "Lagosta" pormenores do seu estado inicial.

.Prato decorativo "Lagosta" durante as reconstituições volumétricas.

. Prato decorativo "Lagosta" durante a intervenção de reintegração cromática.

. Prato decorativo "Lagosta" pormenores do seu aspecto final.

Com ventos do oeste

O termo convento, do latim conventus que significa "assembleia", advém originalmente da assembleia romana onde os cidadãos se reuniam para fins administrativos ou de justiça (convéntum jurídicum). Posteriormente passou-se a utilizar com sentido religioso, relativamente ao monasticismo quando, para melhor servir e amar a Deus, os homens se retiravam do mundo, primeiro sozinhos, depois em grupos de monges (comunidades religiosas), para edifícios concebidos para o efeito, os conventos. Este conjunto de edifícios também pode ser designado por Mosteiro, do grego monos (só), e que designa um grupo de construções de residência e prática religiosa de monges ou monjas. Em termos gerais, ainda que convento seja sinónimo de mosteiro (algumas pessoas pensam, erradamente, que os mosteiros se destinam a homens e os conventos, a mulheres), a palavra convento pode ser, especificamente utilizada para as ordens religiosas de vida activa, enquanto que mosteiro se aplica, em geral, a ordens contemplativas, vocacionadas para a clausura - mas tal diferenciação, pouco clara em língua portuguesa, não acolhe unanimidade.
in: http://pt.wikipedia.org/wiki/Convento

No último ano do meu curso de Conservação e Restauro, desenvolvi um trabalho de Semirário, que se traduziu no estudo sobre o convento Franciscano de S. Bernardino (Atouguia da Baleia/Peniche), e que me levou desde então a percorrer, sobretudo na zona Oeste, conventos todos eles Franciscanos, convertidos ou reconvertidos - Varatojo (Torres Vedras) e S. Miguel (Gaeiras/Óbidos) ou ainda mantidos em ruínas: Bom Jesus (Peniche).

Tive conhecimento através do site www.ofm.org.pt que nos passados dias 27 de Março e 17 de Abril, integrados nos 800 ANOS DE FRANCISCANISMO, o Varatojo, o Convento mais antigo de Portugal onde ainda palpita o coração do «Pobrezinho de Assis», com a sua mensagem de Paz e Bem programou diversas actividades entre as quais fora apresentada uma Conferência subordinada ao tema «Franciscanos no Oeste».
Na região oeste existiram oito conventos da Ordem dos Frades Menores, nomeadamente o convento de São Bernardino (Atouguiada Baleia/Peniche), provavelmente o mais antigo, convento do Bom Jesus (Peniche), convento de Nossa Senhora dos Anjos (Barro), convento de Nossa Senhora da Visitação (Vila Verde dos Francos), convento de Santo António (Lourinhã), convento de Santo António dos Charnais (Aldeia Galega da Merceana), convento de São Miguel (Gaeiras - Óbidos) e convento de Santo António (Varatojo).

De todos estes locais que outrora haviam sido centros de vida religiosa e que hoje, devido aos ventos da história, estão praticamente ao abandono ou esquecidos na sua quase totalidade, Santo António de Varatojo é o único Convento onde a vida franciscana ainda palpita e que continua na sua missão de transmitir, ao perto e ao longe, a mensagem recebida de seus antepassados.

E este fim de semana, após ter estado presente na inauguração da Mostra de Arte de Sacra que referi na mensagem anterior, e uma vez que me encontrava nas Gaeiras, decidi passar novamente pelo Convento de São Miguel.
Situado no alto das Gaeiras, numa zona de recente urbanização, desde 1994 a Associação de Municípios do Oeste adquiriu o Convento, tendo dado inicio às obras de reabilitação, recuperação e restauro a 22 de Abril de 1998.
(achei engraçada esta questão das datas: 800 anos de franciscanos, há 8 anos o início das obras de reabilitação e uma data exacta do ínicio das obras de reabilitação, que coincide precisamente com a da publicação desta mensagem)
Já lá tinha estado após a recuperação mas só o conhecia por dentro, enquanto Museu Regional do Oeste, com respectiva área afecta ao restauro e com cerâmicas, fragmentos recuperados no decorrer das obras de recuperação e reabilitação do edifício, que constituem testemunhos da presença franciscana no local.


"Os fragmentos cerâmicos encontrados foram classificados em dois núcleos: os fragmentos de faiança e os fragmentos de olaria vidrada e não vidrada.

A colecção de faiança é o núcleo mais significativos e de mais fácil identificação, de todo o espólio encontrado. É constituído por peças de faiança portuguesa, principalmente, do século XVII. São peças com decoração a azul aplicada sobre o branco, onde predominam os temas vegetalistas de inspiração oriental. Neste período, a faiança portuguesa caracteriza-se por uma pasta de chacota clara, de tom amarelado, coberta por esmalte branco em que a pintura era, geralmente realizada em tons de azul de cobalto, aparecendo mais tarde, os contornos a roxo vinoso de manganés.

As formas revelavam as exigências do mercado, bem como a tipologia dos objectos mais utilizados. No Convento de S. Miguel foram identificadas várias peças, sendo todas elas de utilização doméstica, na sua maioria encontram-se fragmentos de pratos e tigelas, com uma decoração a azul e vinoso, onde prevalecem os “aranhões”, nos quais se encontram, as folhas de artemisa, os leques de palmeira, as moedas, as cabaças, sempre envoltos em cordões e frequentemente articulados com representações botânicas e figurações animais e geométricas.

Os fragmentos de olaria vidrada e não vidrada não apresentam características formais concretas que permitam uma rigorosa determinação da forma ou época.

Quanto à olaria vidrada, podemos salientar que pela referência às cores dos vidrados, nomeadamente castanho e verde, os objectos teriam como origem a cidade de Caldas da Rainha. Embora não existam dados suficientes que determinem a data da instalação das manufacturas de cerâmica na Região Oeste, são vários os exemplares de faiança do período oitocentista oriundos das Caldas da Rainha. São características as incisões e relevos cobertos por vidrados escorridos em tons melados e peças malegueiras. Utilizavam-se os vidrados à base de chumbo nas cores verde cobre, amarelo ferro, castanho manganês e azul cobalto.

Quanto aos objectos não vidrados é muito provável que tenham sido produzidos no próprio Convento de S. Miguel, são peças de grande simplicidade e exclusivamente utilitárias. A Justificar esta suposição, temos a existência de um forno, onde as peças podiam ser cozidas e, a descoberta durante as obras de recuperação do edifício, de alguns artefactos que podem ser associados a instrumentos de oleiro, nomeadamente, uma “trempe”, peça com três braços e bicos nos seus extremos, auxiliar da enforna; uma peça de metal que parece ser o cabo de um talher, que poderia servir de “teque”, utilizado para rectificar a espessura do barro; um compasso em ferro, comum a diversos ofícios, nos quais podemos incluir a olaria e, ainda, um conjunto de pedras que pelo facto de estarem furadas podem sugerir a extracção de algum minério utilizado na vidragem ou na pigmentação das peças.
"
in: http://www.am-oeste.pt/

Nesta visita, por se encontrar encerrado, fiquei a conhecer o Convento de São Miguel das Gaeiras por fora, que tal como outros seguidores da regra da Ordem dos Frades Menores, possui a sua cerca, mata, capela e poço, neste caso um nicho com uma fonte ou bica, como se pode ver na seguinte imagem (retirada do mesmo site: http://www.am-oeste.pt/)

Foi interessante pois a minha primeira visita não me permitira respirar ou sentir a envolvência que o próprio exterior de um Convento nos transmite por si só. A depuração que nos invade, as variedades de plantas encontradas e o silêncio dos hinos de paz... enfim, só a fé ou a arte podem traduzir tais sensações.
Desde logo, o mirante, a própria localização de onde se pode desfrutar de uma excelente vista panorâmica da vertente este da vila de Óbidos, e a cerca, como é preceito do habitar conventual, toda a parte urbana rodeada por uma extensão de território delimitada, símbolo da terra selvática que o homem deve habitar e transformar com o seu labor.
Sendo este um caso por excelência de paisagem que importa recuperar, conservar e viver, para se lhe dar o devido valor que detém no património cultural português, fiquei muito supresa ao constatar que também esta zona se encontra ajardinada e sofrera uma intervenção que se destaca pela monumentalidade dada à nascente e ao chafariz, actualmente sem outra utilização que a decorativa. Interessante também uma mina de água que se encontra do lado esquerdo do nicho da bica, que apesar de terem tentado vedar no momento das obras de requalificação, infelizmente encontrava-se com o portão arrombado.

In: Tavares (1810: 143) no final da descrição da Quinta das Janelas / Gaeiras descreve uma outra nascente: “Dentro da cerca do Convento dos Religiosos Arrábidos das Gaeiras, em distância das mencionadas águas para Leste um tiro de bala ou pouco mais, nasce uma pequena fonte, talvez dum anel de água, da mesma natureza da das Caldas da Rainha, porém menos graduada em calor. Serve para regar a terra, que lhe fica imediata.”

Deste passeio ao ar livre ainda trouxe chá de São Roberto.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Convite para Exposição "Mostra de Arte Sacra", António Rodrigues

Quinta-feira, 10 de Abril de 2009 no blogue http://agendadossentidos.blogspot.com


Maria e António Rodrigues participam e convidam para que visite/m a exposição patente no concelho de Óbidos onde residem.

Acontecerá na vila das Gaeiras no âmbito das comemorações do aniversário da Vila integrada numa "Mostra de Arte Sacra" que faz parte dos eventos comemorativos.

Inaugura a 19 de Abril e termina a 3 de Maio
Horário: 14h às 20h
Local: Armazém dos Vinhos

18 de Abril 2009 - Dia Internacional dos Monumentos e Sítios - “Património e Ciência”



Assinalando-se no próximo sábado (dia 18 de Abril), o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, a Câmara Municipal de Peniche irá associar-se ao programa nacional de actividades evocativo desta data, dinamizado pelo IGESPAR, I.P. - Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, tendo como temática “Património e Ciência”, através da realização das seguintes actividades vocacionadas para o referido tema, a saber:

Intervenções de restauro de imóveis históricos

15h:30 - Visita ao Moinho da Fialha (localizado na cidade de Peniche junto ao cemitério) com apresentação da intervenção de recuperação realizada, ao abrigo de protocolo celebrado entre a Câmara Municipal de Peniche e a empresa ENERNOVA - Novas Energias, S.A..

18h:00 - Visita à Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Atouguia da Baleia com apresentação dos trabalhos de recuperação e restauro do tecto da referida igreja, realizados com o apoio técnico da Câmara Municipal de Peniche.


ACTIVIDADES GRATUITAS
Informações:
Museu Municipal de Peniche
Tel. 262 780 116
E-mail: museu@cm-peniche.pt
Para mais informações e para descarregar o convite para este evento clique em: www.cm-peniche.pt

ORGANIZAÇÃO:
Câmara Municipal de Peniche
CERCIPENICHE
Santa Casa da Misericórdia de Atouguia da Baleia

quinta-feira, 16 de abril de 2009

O Futuro da Fábrica Bordalo Pinheiro


Após ter tido conhecimento desta "nova aposta" para a Fábrica Bordalo Pinheiro, que havia sido publicada na revista Visão (de dia 9), foi com imenso gosto e interesse que tive o prazer de ver o programa Câmara Clara da RTP2 (no passado dia 12) pois se esta "nova aposta" me havia feito interrogar, este programa ao abordar o tema em torno do "futuro" da mesma permitiu-me esclarecer muitas questões acerca da gestão e interrogar outras no âmbito da criação. Mas afinal são sempre de louvar esforços no sentido de preservar património artístico e de dinamizar a produção cultural.

Com os CONVIDADOS: JOANA VASCONCELOS E DUARTE RAPOSO MAGALHÃES
Resumo do tema semanal: Rafael Bordalo Pinheiro é o maior artista português do séc. XIX, segundo muitos historiadores de arte. Mas a fábrica de faianças que fundou há 125 anos nunca deixou de enfrentar o risco de falência. Num contexto de crise económica aguda, que viabilidade efectiva tem a fábrica Bordalo Pinheiro, agora nas mãos da Visabeira? Duarte Raposo Magalhães é um dos mais experientes gestores portugueses na indústria manual e decorativa, a artista plástica Joana Vasconcelos, que tem trabalhado intensamente sobre a obra cerâmica de Rafael, foi uma das promotoras da carta aberta que pressionou o Governo a intervir neste caso. Os dois vão dizer-nos por que razão acreditam que é desta que a fábrica vai vingar. Uma emissão que o leva numa visita guiada pelos museus do país que têm o melhor das cerâmicas Bordalo, que lhe mostra ainda a exemplar recuperação da biblioteca do palácio do Monserrate, em Sintra, e as exposições BES Photo e Prémio EDP Novos Artistas.

E se o tema central já havia sido interessante, o programa acabou ainda melhor com o tema "Quem é quem" dos Xutos.
Para ver ou rever deixo aqui o link:
http://camaraclara.rtp.pt/#/arquivo/127

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Faiança de Rafael Bordalo Pinheiro no "Refúgio"

A mesma Jarra "Lagarto" de Rafael Bordalo Pinheiro, por mim intervencionada e referida na mensagem anterior, - "Peça moldada e modelada, em faiança, de forma cilíndrica dita de “canudo” policromada e vidrada em tons de castanho com escorridos, apresentando ao centro decoração naturalista, com aplicação relevada de um lagarto verde. Marcada: FFCR (sigla envolta numa serpente) - Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha e datada de 1904 (período em que a função de director técnico-artístico da Fábrica se encontrava a cargo de Rafael Bordalo Pinheiro)" - havia sido anteriormente alvo de registo fotográfico para fazer parte de uma reportagem da Revista "domingo" intitulada "O REFÚGIO".
O refúgio trata-se da casa do Proprietário da Jarra "Lagarto", no Alentejo, é "uma casa de recordações, que junta diversas artes, peças recolhidas ao longo de uma vida" e do qual passo a publicar um breve excerto:



. CLIQUE PARA AMPLIAR (e visualizar a referida Jarra "Lagarto" que se encontra na imagem superior, ao centro abaixo da pintura de Diogo Munhoz)

In: Revista "domingo"
(suplemento da edição nº10775 do Correio da Manhã)
Texto: Bruno Contreiras Mateus
Fotos: Nuno Veiga/Elvaspress
30 de Novembro de 2008

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Jarra “Lagarto”



. Jarra "Lagarto", estado inicial e final.
. Jarra de forma cilíndrica dita de “canudo” policromada e vidrada em tons de castanho com escorridos; No centro, apresenta decoração naturalista, com aplicação relevada de um lagarto verde. Peça moldada e modelada; faiança policroma e vidrada com escorridos.
. Apresenta marca carimbada em relevo: FFCR (sigla envolta numa serpente) e uma númeração também relevada e carimbada na pasta referente a uma identificação operária/número de série e à data de fabrico.
. Datação: Tratando-se de uma peça com marca, podemos nitidamente afirmar estarmos perante uma cerâmica da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha da 1ª metade do séc. XX (datada: 1904).
. Dimensões: 28 x d. 20 cm.
. Estado de Conservação/Intervenções anteriores: A peça apresentava diversas faltas e falhas de matéria e de vidrado ao longo da base e nos elementos decorativos salientes (dedos). Também apresenta dois “cabelos” verticalmente paralelos na zona superior do corpo. Falta volumétrica total de ambas as pernas dianteiras do lagarto e fractura da cabeça (com vestígios de cola).
. Pormenores da jarra "Lagarto" antes da intervenção. . Jarra "Lagarto" durante as intervenções de Conservação e Restauro (limpeza, consolidação, reconstituições e reintegração).

CLIQUE SOBRE AS IMAGENS (para as ampliar e poder visualizar as Intervenções de Conservação e Restauro com mais pormenor).

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Visitas Guiadas

No âmbito do Curso Livre de Artes Decorativas Portuguesas, o qual presentemente frequento, na Universidade Católica Portuguesa, amanhã irei participar no ciclo de visitas guiadas, que têm como intuito de promover o contacto directo com as obras de arte, assim como um mais profundo entendimento dos temas em estudo.
Com início na UCP pelas 10:00h (Edifício Antigo, sala 134), contempla uma sessão sobre Mobiliário Português do Século XVIII, já prevista no original plano de estudos, assim como duas visitas guiadas, respectivamente, ao Museu Nacional de Arte Antiga e à Fundação Medeiros e Almeida. Sendo que estas serão conduzidas localmente por técnicos especializados. Programa
10:00h Mobiliário Português do século XVIII | UCP/Edifício Antigo, Sala 134
13:00h Almoço, Restaurante Espaço Fernando | UCP/Edifício da FCEE
15:00h Colecção de Mobiliário do Museu Nacional de Arte Antiga | Visita Guiada por Celina Bastos e Conceição Borges de Sousa (MNAA)
16:30h Colecção de Mobiliário da Fundação Medeiros e Almeida |Visita Guiada por Conceição Coelho (FMA)

Universidade Católica Portuguesa | Escola das Artes
Edifício da Biblioteca, 5º piso
Palma de Cima, 1649-023 Lisboa
Tel. | 21 721 40 18 / Fax | 21 721 40 10
Email | artes@ea.lisboa.ucp.pt

domingo, 22 de março de 2009

Terrina "Sacavém"


. Terrina "Sacavém" antes da intervenção de Conservação e Restauro.

. Terrina oitavada com asas, em faiança vidrada. Decorada a azul escuro e filetes a ouro, com o motivo Beira rico estampado.
. Não apresenta qualquer marca.
. Apesar de estarmos perante uma peça sem marca, podemos apontar uma datação aproximada: 2ª metade do século XIX. (Justificação: através de comparação com peças idênticas a esta, marcadas da Fábrica de Louças de Sacavém e com o mesmo motivo estampado.)
. Dimensões: 35 x 18,5 x 7 cm.
. Estado de conservação: A Terrina "Sacavém" encontrava-se em aproximadamente 16 fragmentos e não apresentava qualquer intervenção anterior.
*Nota: O proprietário pretendia que se mantivesse a "patine" antiga, daí o processo de limpeza ter sido mínimo, limitando-se à remoção de gordura da cerâmica, sobretudo nas zonas de fracturas, o indispensável a uma boa adesão dos fragmentos na sua colagem.. Terrina "Sacavém" durante as intervenções de colagens, preenchimentos e reintegrações cromáticas.

. Terrina "Sacavém" após a intervenção de Conservação e Restauro.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Património azulejar de Almada Negreiros em risco


Tal como em casos anteriores, mais uma vez o ‘SOS Azulejo’ recebeu a denúncia da destruição de painéis de azulejos de Almada Negreiros no Restelo e remeteu-a para os serviços camarários competentes, funcionando como uma plataforma giratória de informação e como um catalizador das acções necessárias. Cito aqui a respectiva notícia no DN de 21.02.09:

" Património. Uma vivenda construída nos anos 50, exemplar da arquitectura do final do movimento modernista, tem um processo de demolição integral e de construção nova em análise na Câmara de Lisboa. Ontem, alguns azulejos de Almada Negreiros foram retirados do imóvel e a autarquia embargou, para já, a remoção de quaisquer objectos da Moradia com processo pendente na CML.
Um painel de azulejos da autoria de Almada Negreiros foi ontem parcialmente removido da parede de uma casa no Restelo, em Lisboa. Mas entretanto, o vereador Manuel Salgado, disse ao DN ter dado instruções para o embargo da obra, "até tudo ser esclarecido". A moradia, localizada na Rua da Alcolena, 28, foi construída no início dos anos 50 e depois de ter sido vendida pelos herdeiros da original proprietária - Maria da Piedade Mota Gomes - tem actualmente um processo de licenciamento de obra de construção nova em apreciação nos serviços de urbanismo da Câmara de Lisboa, cujo requerente, é a Soindol, Sociedade de Investimentos Dominiais, Lda. Ontem, perto da hora de almoço, vários operários retiraram alguns azulejos que revestem uma das varandas da casa, com recurso a rebarbadoras. José de Almada Negreiros (filho), acompanhado das suas filhas, netas do artista plástico e autor do Manifesto Anti-Dantas, estavam incrédulos e indignados perante o que viam. "A Polícia Municipal esteve aqui, mas mal saiu, os homens voltaram ao mesmo e nada os parou", disse a familiar do artista. Ao fim da tarde, Helena Roseta, vereadora do movimento Cidadãos por Lisboa (CPL), deslocou-se ao Restelo para acompanhar de perto a situação e disse ter informado o gabinete da presidência da CML sobre o que se estava a passar. Pouco depois, chegaram elementos da Polícia Municipal que procederam a averiguações e lavraram um auto de notícia. "O que se está a passar aqui é um atentado ao património, uma barbaridade", disse a vereadora, também arquitecta. "Curiosamente," - e Roseta chamou a atenção para o facto - "este atentado ao património acontece um dia depois de termos pedido o agendamento para discussão em reunião de câmara de uma proposta nossa que defende a abertura de um processo de classificação da moradia como imóvel de interesse municipal". No documento, as vereadoras do CPL defendem ainda a aquisição da casa (numa parceria público-privada), bem como a criação no local de um projecto-piloto de "casa-museu-atelier de artes plásticas". De acordo com Manuel Salgado, a moradia consta do "inventário municipal do património", um anexo ao PDM, facto que para Helena Roseta "implica que nada se possa fazer na casa sem que a câmara se pronuncie". O projecto pendente nos serviços de urbanismo pede a demolição total do imóvel. Porém, segundo o DN apurou, o promotor e actual proprietário, comprou-a "sem os azulejos incluídos", cumprindo uma exigência do anterior dono. Apesar da tentativa, não obtivemos declarações do promotor até à hora de fecho desta edição»


Uma primeira tentativa de extracção dos painéis deu-se nos anos 60, por iniciativa de um estrangeiro que comprou o imóvel. "A Câmara interveio e impediu-o", recorda José de Almada Negreiros.
Qualquer pessoa pode denunciar às autoridades policiais as demolições ou remodelações que estejam a decorrer em edifícios com azulejos antigos. “O programa da Polícia Judiciária "SOS Azulejo" funciona como uma plataforma giratória em que se procura encaminhar as denúncias para as diversas entidades”, explica Leonor Sá, directora do Museu e Arquivo Histórico da Polícia Judiciária.
Basta, portanto ligar para o número 21 984 42 00. Sempre que este tipo de património estiver em risco, a Judiciária lança, em conjugação com as autarquias, esforços para impedir a demolição dos imóveis e a destruição dos azulejos antigos.

A Ordem dos Arquitectos defendeu hoje a classificação de imóvel de interesse municipal para uma casa com painéis de Almada Negreiros, em Lisboa, e lançou uma petição na Internet em defesa da sua preservação.
A Ordem solicita a intervenção da Câmara Municipal de Lisboa, «considerando o valor arquitectural, patrimonial e artístico da casa», projectada pelo arquitecto António Varela e que integra vários conjuntos de azulejos da autoria de Almada Negreiros.
Para a Ordem, trata-se de «um exemplo acabado da arquitectura moderna portuguesa», pelo que pediu informações à autarquia sobre o processo, manifestando preocupação com os acontecimentos de 19 de Fevereiro, que «puseram em perigo a integridade do imóvel».
Após a destruição parcial dos painéis da fachada da referida moradia, em obras de demolição não autorizadas pela autarquia, que levou a Polícia Municipal ao local e ordenou a suspensão dos trabalhos, a Ordem classifica o imóvel como «um exemplo único e nacional da arquitectura modernista», exigindo a abertura do processo de classificação como bem cultural de interesse municipal.
«A mesma obra foi já referenciada, catalogada, inventariada e estudada em diversas investigações de carácter nacional e internacional sobre a produção moderna», sustenta a Ordem dos Arquitectos num comunicado, em que anuncia o lançamento de uma petição on-line.
Com o intuito de tornar público «o envolvimento da sociedade no que se considera ser um atentado à memória, património e arquitecturas portuguesas», a Ordem pôs o documento disponível em www.petitiononline.com/alcolena/petition.html.
Quarta-feira, o vereador José Sá Fernandes pediu ao Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) a classificação apenas dos painéis de azulejos de Almada Negreiros.
O IGESPAR propôs, por seu lado, a classificação municipal da moradia, de acordo com um parecer a que a agência Lusa teve acesso.

Já assinou?
www.petitiononline.com/alcolena/petition.html.
Pela classificação do painel de azulejos de José Sobral de Almada Negreiros e pela moradia dos anos 50 que os sustenta num enorme significado cultural!

quinta-feira, 5 de março de 2009

Jarra "Cobras e Lagartos"

. Jarra "Cobras e Lagartos" antes e depois da intervenção de Conservação e Restauro.

. Jarra em faiança, moldada e modelada, policroma e vidrada com escorridos. Constituída por um corpo bojudo e um gargalo estreito e alto, decorada com animais aplicados em relevo como lagartos, lagartixas, cobras (duas cobras enroladas que formam as asas da jarra), rãs, larvas, borboletas, flores e folhas sobre fundo de efeito escorrido, com vidrado de cores em que predominam o verde de cobre, a cor de mel de ferro e os tons de castanho de manganés.
. Não apresenta qualquer marca.
. Tratando-se de uma peça sem marca, podemos apontar uma datação aproximada: 2ª metade do século XIX (c. 1870 a 1900).
Justificação: através de comparação com peças decorativas idênticas a esta inspiradas no estilo “palissista”(do estilo naturalista da obra de Bernard Palissy (1510-1590), ceramista francês do século XVI, em Portugal foi em Caldas da Rainha que melhor se explorou esta fonte de inspiração), uma de maiores dimensões e com marca gravada de Manuel Cipriano Gomes “O Mafra”, ou outra “jarra das cobras” do mesmo período, atribuída à Fábrica de José Alves Cunha – Caldas da Raínha)
. Dimensões: 27,5 x 20,5 x 14 (diâm. boca)x 12 cm. (diâm. base)
. Estado de Conservação: A peça apresentava diversas falhas de matéria e de vidrado ao longo do bordo, base e nos elementos decorativos salientes. Verificavam-se ainda faltas volumétricas totais da cabeça do lagarto, lagartixa e argola inferior de uma das cobras (correspondente à zona da asa).

. Pormenor do corpo da cobra que constitui a asa durante a reconstituição volumétrica, reintegração cromática e aspecto final.
. Pormenor dos elementos decorativos, cabeças do lagarto e da lagartixa durante a reconstituição volumétrica, reintegração cromática e seu aspecto final.
. Pormenor final dos preenchimentos das falhas pré-existentes ao longo do bordo da Jarra "Cobras e Lagartos"

terça-feira, 3 de março de 2009

Par de Jarras com folhas e flores

. Antes e depois da intervenção de Conservação e Restauro.

. Par de jarras em faiança policroma e vidrada. De corpo bojudo com gargalo cilíndrico, policromadas a castanho. Apresentam decoração em alto relevo de troncos e folhas redondas policromadas a verde e flores policromadas a branco (pelo gênero muito provavelmente tratam-se de flores lôtus, plantas aquáticas tantas vezes representadas, mostrando a contribuição da arte oriental na cerâmica).
. Apresentam uma marca gravada no reverso da base: - MADE PORTUGAL (inseridas num rectangulo e seguida de uma numeração)
(Muito possivelmente tratar-se-ão de peças das Caldas, arrisco em atribuir a estas peças decorativas a autoria de Rafael Bordalo Pinheiro pela tanto pela tipologia, como pela tonalidade do vidrado, mas sobretudo pela decoração pois esta temática, a representação exacta destas flores em relevo surge noutras peças inclusivé num prato vidrado a branco, que parece ser um estudo, pertencente à Colecção da Fábrica Rafael Borbalo Pinheiro)
. Estado de Conservação/Intervenções anteriores: Uma das jarras encontrava-se com uma colagem anterior e diversas falhas de matéria sobretudo nas folhas e flores. Outra apresentava faltas na base e na extremidade superior. Também tínhamos três fragmentos soltos (pertentes a um ramo).

. Pormenores do estado de conservação das Jarras antes da intervenção de Conservação e Restauro.

. Pormenores das Jarras durante e após a intervenção de Conservação e Restauro.